domingo, 25 de julho de 2010

Sisal e medicina tradicional

Esta foi uma semana bem interessante. Caminhamos longas distâncias e isso me fez muito feliz.

Tivemos caminhadas de 5 km pelas plantações de sisal para analisar as possibilidades de trabalho. Há uma companhia de sisal aqui chamada Katani e o sisal foi, por muitos anos, a principal atividade econômica da Tanzânia. Com o surgimento de fibras sintéticas, o mercado entrou em declínio. Hoje está, aparentemente, diante de uma nova ascensão já que as pessoas têm preferido usar fibras naturais e as indústrias estão tentando reduzir o consumo de fibras sintéticas. Interessante foi descobrir que as companhias de carros japonesas estão usando sisal na fabricação das carrocerias, companhias inglesas usam sisal para fabricar saquinhos de chá e o sisal também é usado para fabricação de papel-moeda.

As caminhadas me animam e me trazem idéias. São 5 km para chegar à Katani e nossa única forma de transporte é caminhar. Na quinta tivemos uma carona de caminhão para voltar (eu suspeito que o caminhão veio até aqui apenas para nos trazer), mas ontem fomos e voltamos caminhando, para participar de uma reunião comunitária.

Ontem tivemos outra experiência interessante. Fomos a um "hospital" de medicina tradicional, a 5 km de ladeira daqui. As pessoas se internam ali para receber ervas e tratamentos tradicionais. E existe uma questão de fé no procedimento.
Quando você recebe sua medicação, vai para a sala das abelhas tomá-la / aspirá-la. E entramos nessa sala das abelhas, várias delas voando à nossa volta. A principal preocupação, na verdade, não era ser picada pelas abelhas. Há uma crença de que se você é uma boa pessoa, as abelhas não te picam. Mas se você for uma bruxa...
De alguma forma eu tive a sensação de que ser picada por uma abelha ali não era uma boa alternativa. E me concentrei para, caso isso acontecesse, fingir que nada havia acontecido e assimilar a dor sem demonstrar qualquer reação.

Aparentemente nem eu nem Kristina somos bruxas :)

A lua ontem estava magnífica, cheia, iluminando nossa noite sem iluminação pública.

Hoje pela manhã fomos à missa na igreja católica. Faith, locatária da casa em que estamos morando, combinou de nos encontrar às 6h00. Lá estava eu, com minha longa saia, esperando por ela pontualmente às 6h00. Como pontualidade não é o forte aqui, partimos 6h30.

Nós não sabíamos onde era a igreja e Faith havia dito que não era longe. Fomos quase correndo, pois a missa começava às 7h00. E terminou a vila, passamos por algumas casinhas perdidas, uma plantação de milho, atalho pela plantação de cana, mais uma plantação de milho, uma ladeira pela frente e chegamos esbaforidas. A missa foi em Swahili, mas tão movimentada (levanta, ajoelha, senta, caminha, doa) que nem consegui sentir sono.

A propósito, meu encontro com o Shehe foi ótimo, acho que não cometi nenhuma gafe.

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