sábado, 10 de julho de 2010

Funeral muçulmano

Quando chegamos de Magoma soubemos que a mãe de Yakub, nosso parceiro tanzaniano, havia acabado de falecer. Yakub é uma pessoa maravilhosa e sua mãe estava com um problema no coração. Poderia ser levada ao Paquistão para receber tratamento, mas como ela havia melhorado, a família e os médicos pensaram que não seria necessário.
Na manhã seguinte, seguimos Lindsay, Alex e eu (Kristina e Andrew ainda estavam doentes) para a casa do Yakub vestindo saias longas, blusas de mangas compridas e um véu sobre os cabelos (que no meu caso era a minha canga). Fomos conduzidas a entrar pelos fundos da casa e nos juntar às outras mulheres. O chão de toda a casa estava coberto com lençóis e os sapatos ficaram do lado de fora.
Era meio difícil saber como deveríamos nos comportar e tentamos seguir o comportamento das outras mulheres. As mulheres africanas (não-muçulmanas) estavam sentadas na cozinha e as mulheres muçulmanas, na sala. Os homens estavam do lado de fora. As conversas aconteciam em volume baixo e pelo que uma das mulheres presentes nos disse, as regras de comportamento mudam de cidade para cidade. Em um determinado momento os homens começaram a cantar e dizer frases em árabe (eu acho) e o corpo foi colocado em um grande caixão e levado para o sepultamento. Apenas os homens seguem esse ritual, as mulheres permanecem na casa aguardando até que eles retornem. Durante todo o período em que ficaram na casa, as mulheres permaneceram com as cabeças cobertas.
Claro que nós, como mulheres ocidentais, questionamos entre nós esse costume. Mas a verdade é que as mulheres ali, incluindo as duas irmãs do Yakub, não pareciam incomodadas. Oferecemos ajuda e em determinado momento fomos comprar frutas no mercado. Quando os homens voltaram foi servido o almoço para todos. Grandes travessas de arroz e curry com batatas, acompanhadas de pão, foram entregues a cada grupo de pessoas para que todos compartilhassem a comida. Era hilário ver todas as mulheres comendo confortavelmente com as mãos enquanto nós inclinávamos a cabeça para trás tentando não babar. E babamos inúmeras vezes enquanto as outras mulheres comiam sem grande esforço. Quando estávamos quase acabando chegaram colheres que nós optamos por não usar. Estávamos determinadas e nos comportar como locais por consideração a Yakub (ou pelo menos tentar...).

Nenhum comentário:

Postar um comentário