sábado, 9 de outubro de 2010

The saga of the sexy tractor

Estou parafraseando o título do blog da Kristina (http://themagomaproject.tumblr.com) – Kristina, do you read my blog?

Fase 1 - A terra da escola foi limpa por dois homens que trabalham pesado (palavras dos nossos parceiros – TSH60.000 / US$42).

Fase 2 – Kristina e eu compramos sementes de melancia, pimentão verde e uma variedade africana de berinjela; além de fungicidas e fertilizantes. As duas pequenas caixas estão aqui no meu quarto e olho para elas todas as noites vendo 813 refeições diárias durante três meses – motivador, apavorante e cheio de significado (TSH176.500 – US$122).

Fase 3 - Fui com Mwalimu Mkuu (diretor da escola e nosso Gerente da Fazenda) comprar uma pumping machine para bombear a água do rio e irrigar a terra. Compramos a máquina, 200m de mangueiras, um tubo que vai do rio até a máquina (TSH620.000 pelo conjunto – US$430) e 20L de combustível (TSH33.000 – US$23).

Fase 4 – aí é que começa a história...

Com a terra limpa, o próximo passo seria ará-la com o trator (TSH80.000 – US$55,40), já que ela não vinha sendo cultivada há algum tempo.
Não existem tratores em Magoma, as pessoas não têm dinheiro pra usá-los. Mas fomos informadas sobre três possibilidades de tratores que poderíamos contratar. Mwalimu disse que bastava ele ligar e o trator viria.

Ouvimos que o trator estava trabalhando em outra terra. Ouvimos que o outro trator tinha um problema no arado. Ouvimos que o primeiro trator estava quebrado. Ouvimos que o trator estava a caminho (longo caminho já que não chegou).
Foi uma versão por dia durante uma semana, até que Mwalimu e Mr. Bodo (nosso Gerente de Relacionamento) subiram em uma moto e foram para Kerenge (próximo ward*, algumas vilas de distância) para resolver o problema.

Levou dois dias, mas o trator chegou. E quebrou.

Quando vimos o trator ficou fácil entender o problema: máquina de 1975 (tem uma plaquinha do Brasil soldada na lataria!), zero de manutenção. Os pneus furam todo o tempo, o que se explica pela ausência de borracha.

Kristina deu o apelido de sexy tractor, não sei bem por que. Podemos considerar sexy o grupo de estudantes + 2Seeds + parceiros tanzanianos empurrando o trator, diversas vezes, para pegar no tranco (não, ele não tem bateria para ignição).

De qualquer forma nosso sexy tractor passou o dia trabalhando na terra ontem (comigo sentada sobre a roda fotografando a ação). Mais um dia (que será hoje se o motorista comparecer) e ele termina o trabalho.
Mzee (senhor, no sentido de o mais velho) Francis (nosso Gerente de Reflorestamento) está acompanhando cada etapa e supervisionando o trabalho. Aliás, a maneira como nossos parceiros têm trabalhado bem juntos, dividindo tarefas, se empenhando e tomando decisões em conjunto tem sido a parte mais motivadora da semana de espera pelo trator (afinal eles farão o projeto acontecer quando nós não estivermos aqui).

Próximas etapas:
1- Fazer os jardins (pequenas fileiras de terra com um “vale” de cada lado. As sementes ficam nas fileiras e os vales trazem água). Simultaneamente, montar um berçário para as plantas no cantinho da terra, até que elas estejam fortes o suficiente para serem transplantadas.

2- Irrigar a área com a pumping machine.

3- Estudantes plantando.

Que venha a primeira montanha!

* Magoma é uma divisão dentro do Distrito de Korogwe. A divisão tem quatro wards (deve ter um nome para isso em português, mas não me vem à cabeça): Kerenge, Magoma (sim, mesmo nome), Mashewa e Kizara. Os quatro wards juntos englobam 25 vilas, 28 escolas primárias, 4 escolas secundárias e 50.000 pessoas, aproximadamente)

Um comentário:

  1. mesmo sendo velho e precário, me animei muito em saber que o trator está aí!!

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