sábado, 9 de outubro de 2010

Comida em Magoma

Variedade não é a palavra adequada para descrever nossas possibilidades de cardápio em Magoma. Meus colegas americanos (como americanos comem!) sempre brincam que temos que garantir nossa segurança alimentar para poder batalhar pela segurança alimentar dos outros – “Prezados passageiros, em caso de acidente vista primeiramente sua máscara de oxigênio para depois ajudar a criança a seu lado”.
Faz sentido, ainda que seja brincadeira. Não estamos, em nenhuma circunstância, perto de insegurança alimentar - tenho até comido demais. O problema está na variedade e não na quantidade.

Costumo dizer que nossa principal fonte de proteína são as formigas (tempero presente em grãos, açúcar, farinha...).

Ovos, quando os achamos, parecem ovos de codorna – a não ser quando temos a sorte de tropeçar em lindos ovos de pata que fazem nossos olhos gulosos brilhar (são vendidos pelo mesmo preço, vai entender).

Vemos cabras por todos os lados (Kristina adora carne de cabra, eu sou vegetariana), mas nunca vemos pessoas comendo carne de cabra (o que é intrigante porque tenho certeza que elas as criam com essa intenção).

De vez em quando comemos folhas não identificadas – os chumaços murchando no mercado me partem o coração e sei que ninguém mais vai comprá-las. Às vezes algumas flores brotam antes de cozinhá-las, às vezes os cabos são inquebráveis mesmo para os dentes mais afiados.

Também compro raízes esquisitas, sou uma pessoa curiosa, mas Kristina tem medo de comê-las e serem venenosas (alguém precisa explicar a essa menina os princípios da Permacultura).

O chilli no domingo foi um capítulo à parte (agradeço Chris e Fabis por isso). Tínhamos apenas metade dos ingredientes, mas e daí?

Chris me disse que para fazer pimenta calabresa eu teria apenas que torrar as sementes de qualquer pimenta vermelha disponível. Hum, parece fácil...

Dedos ardendo – parte da minha rotina (eu ADORO pimenta, Kristina diz que seus hábitos alimentares foram alterados permanentemente depois de viver comigo).

Olhos ardendo – devia ter tirado as lentes de contato.

Tosse incontrolável – será que estou fazendo certo?

Falta de ar, incapacidade de respirar – socorro!

A fumaça dominou a casa e não conseguimos entrar por 20 minutos. Eu tossia sem parar, meu rosto vermelho e ardendo como se eu tivesse dormido no sol sem protetor. Kristina lavava roupas no quintal, longe da cena do crime, e chorava de tanto tossir.
O resultado foi usado no nosso delicioso chilli: uma colher de sobremesa de pimenta (quem disse que qualidade se mede pela quantidade?).

Também inventei uma receita de veggie burguer que levou meu estômago a SP.
E claro, achamos um peixe no meio dos nossos amendoins :)

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