Sambaa (pronuncia-se sambáá e infelizmente não tem nada a ver com samba) é a tribo predominante na região de Korogwe. Espalhados por todos os nossos projetos, os WaSambaa (pessoas da tribo Sambaa) predominam no Vale e nas Montanhas e preservam sua língua e costumes com muito orgulho.
Lutindi é um dos nossos projetos localizados no topo das montanhas Usambara. Lá os agricultores plantam nas encostas e ir para a shamba (sítio) significa subir e descer ladeiras e se pendurar nas ribanceiras. Os WaSambaa de Lutindi agem com a maior naturalidade diante de um penhasco e a nós só nos resta aprender com eles como caminhar graciosamente por terrenos escorregadios.
Em Lutindi temos um grupo de agricultores que trabalha conosco desde 2010 e, com as condições climáticas favoráveis que apenas as montanhas oferecem por aqui, são capazes de produzir verduras, legumes, frutas, feijão, temperos e milho. Nossa principal meta em Lutindi é ajudar os agricultores a se organizarem através de um sistema de gerenciamento eficaz, que melhore suas oportunidades de mercado através de conexões e planejamento. Gerenciamento e planejamento são dois conceitos-chave para qualquer projeto aqui na Tanzânia (e em qualquer lugar) e portanto não é de se estranhar que sejam dois dos maiores desafios que enfrentamos.
O grupo Umoja wa Wakulima Lutindi (União dos Agricultores de Lutindi) está organizado em comitês (mercado, agricultura, comunicação, disciplina, finanças), mas como os membros do grupo moram em 6 sub-vilas diferentes e há, literalmente, uma montanha entre uma vila e outra, os comitês não estavam funcionando adequadamente.
Hoje subi a montanha de pikipiki (motocicleta) para uma reunião muito produtiva na qual conseguimos dar um importante passo na reestruturação dos comitês ao incluir um membro de cada sub-vila em cada comitê. A escolha dos membros foi baseada na descrição do trabalho e nas qualidades que seus membros devem ter (tudo definido pelo próprio grupo).
Ao final da reunião caiu uma tempestade, chuva de pedra (que os Tanzanianos chamam de chuva de ovos). A comemoração foi intensa já que o tempo quente e o sol forte têm dominado o que deveria ser a estação chuvosa. Os membros do grupo me agradeceram por eu ter levado sorte às montanhas e eu ganhei mais um nome em KiSambaa, Mfyee wa Chengo, significando a mãe de todos, que zela por sua família.
O passo lento das montanhas, característico de quem vive na subida, se mostrou certeiro no desejo de mudança. E eu voltei para Korogwe secretamente celebrando a chuva, que para mim simboliza renovação de energia. Seguimos em frente!
Para saber mais sobre o Projeto Lutindi acesse (em inglês):
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