Foi o cenário abaixo que encontramos na escola e confesso que isso nos deixa enlouquecidas (pra manter a educação), mas também nos enche de motivação pra continuar trabalhando.
As crianças comemoram cada vez que entramos na sala de aula. Os sorrisos se espalham e os olhinhos pequeninos brilham, comovente.
Imagino como elas se sentem tendo as duas mulheres mais cool de Magoma as "ensinando" (elas nos consideram professoras). Eu sei que nós não somos tão legais assim, mas para aquelas crianças somos Dada Ana e Dada Kristina, mulheres que vieram de muito longe (verdade) e escolheram gastar suas horas e energias trabalhando na escola (verdade também). E todo mzungu é especial (mentira).
Aliás, esse status mzungu deve ser muito similar ao Big Brother: de repente todo mundo te observa, de repente você é super interessante, de repente você volta pro mundo anterior (Brasil no meu caso) e ninguém te dá à mínima. Aí você descobre que não é tão legal assim, só mais um na multidão.
Prometo que contarei a sensação daqui a alguns meses quando meu avião pousar em São Paulo. Por enquanto tenho tentado usar essa energia, esse momentum que sou capaz de criar, a favor do projeto. A favor das crianças.
As atividades na escola buscam criar vínculos entre as crianças e as shambas, expondo os objetivos, o planejamento, as razões para cada tomada de decisões. E mostrando que cada centímetro daquelas duas terras lhes pertence. Por isso são eles que escrevem a sinalização, que mapeiam as melancias, que pesquisam as árvores mais adequadas para crescer, que trabalham na terra.
Às vezes isso significa levarmos sozinhas 112 crianças de 1ª série pra desenhar melancias. Às vezes isso significa usar toda nossa paciência explicando uma atividade por uma hora para uma professora. Muitas vezes isso significa crianças ansiosas querendo participar do que estamos propondo, ou super tímidas com a liberdade que estão adquirindo durante uma discussão.
Momentum gerado. Agora é continuar trabalhando muito (das 5h30 às 0h00) para que ele gere uma vida melhor para 813 pares de olhinhos esperançosos.
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