sábado, 14 de agosto de 2010

Nane Nane

Neste fim de semana fomos para Nane Nane, feira de agricultura que acontece todos os anos aqui na Tanzânia (nane nane significa 8/8, referência à data de encerramento da feira).
A feira acontece em diversas cidades, Arusha, Dodoma e Morogoro.
Eu e Kristina fomos para Dodoma, capital do país que tem história parecida com Brasília, foi construída no meio do território, em um lugar super seco e sem estrutura. Com isso, nem mesmo o presidente vive na capital, ainda que o Parlamento seja em Dodoma.
A sensação é de que Dodoma é uma cidade pequena, com um pouco mais de estrutura. Ficamos em um lodge bem simples e barato, com banheiros no corredor. Os banhos, como aqui em Magoma, são de canequinha, a não ser que você vá tomar banho na hora do abastecimento de água, às 6h00, quando todas as torneiras funcionam e todos os recipientes são cheios para todo o dia (o que funcionou para mim no primeiro dia).

A Nane Nane é uma mistura de barracas de comida, roupas e expositores de agricultura. Nosso plano era ir para a feira 2 dias, mas conseguimos cobrir toda a área no sábado. Passamos todo o dia na feira conversando com os expositores e buscando oportunidades.

Na volta para Dodoma (o pavilhão é uma área descampada a 5km de Dodoma) o pneu da dala-dala (espécie de lotação) furou. Com isso fomos deixados na estrada e as outras dala-dalas sempre passam lotadas (lotação aqui é uma palavra muito bem usada). Por duas vezes surgiu uma dala-dala com algum espaço disponível, mas deixamos que as mamas com filhos pequenos tivessem prioridade.
Fomos caminhando pela estrada, eu, Kristina e 4 masai que conhecemos. Aqui entra meu preconceito bobo. Os masai são a tribo tanzaniana que vive basicamente de cabras. Eles comem a carne e bebem o leite e o sangue das cabras. São todos altos e bem magros, vestem roupas típicas que se parecem com um vestido, têm uma espécie de cajado de madeira na cintura e falam Kimasai. São conhecidos por ser uma sociedade bastante machista.
Os 4 masai que conhecemos foram muito doces. Quando finalmente conseguimos nos espremer em uma dala-dala, eles pagaram o transporte pra gente. Aprendi algumas palavras em Kimasai e pratiquei meu Kiswahili, que está um pouco melhor.
Levaram-nos para conhecer seu escritório, onde fazem remédios medicinais. No caminho ganhei uvas, compradas por Jakobo. Não comia uvas há muito tempo, deliciosas, cultivadas perto de Dodoma.
Confesso que foi hilário ver as pessoas rindo a apontando “masai na mzungu” (masai e estrangeiras – leia-se brancas).

A noite em Dodoma fechou com chave de ouro quando fizemos uma pequena happy-hour para relaxar e ganhamos o jantar, comida indiana vegetariana pra mim, de uma dupla que conhecemos na lanchonete. Ishmael conhecia o pai de Yakub, nosso parceiro tanzaniano, por coincidência. Encomendou comida para a primeira brasileira que conheceu em um hotel da cidade e levaram os pratos para nós na lanchonete. Comemos muito bem, a comida estava deliciosa e caprichada na pimenta.

Dodoma deixou muito boas lembranças.

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