Quando começamos a trabalhar com a escola aqui em Magoma e pensamos em como viabilizar uma shamba de frutas e legumes e um programa de refeições, ouvimos quase que unanimemente que precisávamos de uma pumping machine (uma máquina movida à gasolina que puxa a água do rio e a conduz por longas mangueiras azuis para irrigar a plantação). Após muito avaliar, decidimos comprar a poderosa máquina, que viabilizaria todos os nossos sonhos.
Como tudo na vida, sonhos e realidade são diferentes e ainda que nossa pumping machine tenha sido indispensável para a primeira temporada que cultivamos, descobrimos que usá-la sai mais caro do que o projetado (cerca de 9 litros de gasolina para cada rodada de irrigação, a TSH2.000/ litro – US$1,4) e exige muito esforço. As mangueiras devem ser carregadas da forma correta, para que não destruam a plantação no caminho, e ainda que eu tenha me divertido (e muito!) me molhando e me sujando de lama enquanto as carregávamos de um lado para o outro, não posso dizer que seja um trabalho leve.
Desde que começamos o programa de merenda escolar os alunos entenderam, não em palavras, mas em atitudes, o que estamos fazendo aqui. Eles também enxergaram a relação que existe entre o seu trabalho na shamba e as suas refeições.
Hoje conseguimos dividir a shamba entre quatro culturas: pimentões verdes (3ª e 6ª séries), melancias (5ª série), cebolas (4ª série) e gengibre (6ª série). Cada aluno é responsável por uma linha onde colocou uma bandeirola feita de bambu e um papelão com seu nome. Este estudante é responsável por tudo que diz respeito à sua linha, irrigá-la, arrancar as ervas daninhas, sombrear as plantas se o sol estiver muito forte. E estamos batalhando para que eles também sejam responsáveis por avaliar e tomar decisões, o conceito mais difícil na cultura hierárquica tanzaniana.
Hoje, quando vou à shamba ao final da tarde, tenho a mais linda vista: centenas de estudantes estão lá e a melhor parte: estão sorrindo. Eles vão ao rio, enchem os baldes de água e irrigam sua área (construímos uma proteção no rio para manter os crocodilos longe dos estudantes). E como decidiram que querem comer arroz na escola em junho, estão fazendo um excelente trabalho.
Ah! A pumping machine? Estamos pensando em outros destinos para ela. Sem usá-la nada disso estaria acontecendo, já que não teríamos um programa de merenda escolar (e este foi o estopim para que os estudantes se dedicassem à shamba). Mas hoje conseguimos irrigar de forma mais efetiva e barata, pra não mencionar menos poluente.
O sucesso aqui em Magoma, se mede em baldes :)
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