Arusha é a capital do turismo na Tanzânia. É de lá que saem os safáris mais famosos, para Serengeti e Ngorongoro, e as excursões para o Kilimanjaro. Também é considerada a cidade mais violenta da Tanzânia, o que parece meio óbvio já que há muitos turistas andando por todo lado com dólares nos bolsos.
Eu estive em Arusha e perguntei quanto do dinheiro trazido pelo turismo chega às comunidades locais. Toda a região vive do turismo, é verdade e foi esta a resposta que obtive, mas será que o turismo é sustentável?
Entre 55 e 60% do preço de um safári vai para o governo. O restante paga os custos operacionais (combustível, comida) e vai para as agências que organizam os passeios. Os guias e cozinheiros não recebem um salário e sua fonte de renda são as gorjetas que recebem dos turistas (ainda assim, ganham em quatro dias cerca de dez vezes a renda média da população tanzaniana – eles não estão ganhando muito, os outros é que estão ganhando pouco).
Como em qualquer país em desenvolvimento, os investimentos do governo são questionáveis e nós brasileiros sabemos como um governo é capaz de usar ilicitamente cada centavo que recebe.
Se considerarmos que vender amendoins e pinturas para turistas ou comida para hotéis vale como geração de renda, temos turismo gerando renda na Tanzânia. Ainda assim poder-se-ia usar um modelo que integrasse a cultura local ao turismo – a real é que os wazungu (palavra em Kiswahili para descrever pessoas brancas) e os tanzanianos se misturam muito pouco por aqui e o abismo social te dá um tapa na cara cada vez que você olha em volta.
À parte do turismo, sentei em um restaurante em Arusha para almoçar. Comi alface, uma das iguarias mais raras da Tanzânia, e bebi suco sem açúcar, quase impossível de encontrar. A melhor surpresa foi trazida pelo som ambiente, que demorei a identificar (acho que desacostumei). Meus olhos se encheram de água com um samba, que não reconheci, mas falava de garoa e, portanto imagino que se referia a São Paulo. Não me permitiram ver o cd, mas as doces palavras em português, com a batida sincopada... Ganhei meu dia e me deliciei com meu pedacinho de Brasil em terra de leões.
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