A temporada oficial 2Seeds 2011/2012
terminou no último fim de semana. Ainda temos sete PCs trabalhando em seus
projetos, os que decidiram estender seu compromisso até junho, mas o
compromisso inicial de 9 meses foi cumprido e com seu fim, treze PCs partiram.
Engraçado notar como esta escolha de
palavras importa. Há momentos aqui na Tanzânia em que não tenho certeza se tudo
vai dar certo, mesmo sendo otimista e idealista por natureza. Há momentos em
que me pergunto se mesmo vivendo em regiões de paz, todos vão sobreviver. E não
me refiro a sobreviver fisicamente apesar das idas ao hospital para testes de
malária (o caso da Lindsay, que descrevi no começo do ano, foi particularmente
assustador) ou dos meios de transporte que se parecem com carrinhos de montanha
russa fora do parque de diversões. Me refiro à capacidade de sobreviver
psicologicamente à experiência e de sair daqui melhor.
Este trabalho é tudo no mundo, menos fácil.
Os relacionamentos que formamos com as comunidades, o grau de imersão em uma
realidade tão distinta, o desejo de fazer tudo dar certo e a tristeza quando
algumas coisinhas nos escapam, a necessidade de sermos orientados por nossos
valores a cada minuto de todos os dias, tudo isso, torna a experiência intensa.
Aqui colocamos nossos cérebros, corações e almas em nossos projetos – e às
vezes não é suficiente.
Mas por que estamos aqui se é assim tão
difícil? Por que eu, que vim para ficar quatro meses, vivo aqui há dois anos e
tenho mais um (pelo menos) pela frente?
O que torna a 2Seeds única é a oportunidade
que criamos para que cada pessoa seja o seu melhor. Ser medíocre por aqui
simplesmente não faz sentido. Por que alguém ficaria tão longe de tantas
pessoas que ama, das suas comidas favoritas, dos namorados (atuais e futuros),
das piscinas azuis, das pistas de dança, de QUEIJO e dos biquínis coloridos
para ser medíocre? São tantas as coisas que não temos aqui que eu poderia
tornar este meu mais longo blog e ainda assim não estaria perto de enumerar a
metade. Mas a coisa que temos, que nos trouxe aqui e não nos deixa voltar pra
casa antes da hora, vale tanto que mesmo transbordando de saudades os olhos
ainda brilham com a perspectiva de conquista-la: aqui podemos mudar o mundo.
A hora de voltar varia de pessoa para
pessoa e quanto tempo é suficiente é uma equação que eu ainda estou batalhando
para resolver. Treze PCs cumpriram seu tempo, sete perseguem a missão de consolidar
seus projetos nos próximos dois meses. Um brinde aos que deixaram o chão carquejado
e voltaram ao mundo das geladeiras (colocando assim, vocês é que deveriam
brindar a nós). Todos nós sobrevivemos! (ufa)
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