quarta-feira, 2 de maio de 2012

O que nos torna únicos


A temporada oficial 2Seeds 2011/2012 terminou no último fim de semana. Ainda temos sete PCs trabalhando em seus projetos, os que decidiram estender seu compromisso até junho, mas o compromisso inicial de 9 meses foi cumprido e com seu fim, treze PCs partiram.

Engraçado notar como esta escolha de palavras importa. Há momentos aqui na Tanzânia em que não tenho certeza se tudo vai dar certo, mesmo sendo otimista e idealista por natureza. Há momentos em que me pergunto se mesmo vivendo em regiões de paz, todos vão sobreviver. E não me refiro a sobreviver fisicamente apesar das idas ao hospital para testes de malária (o caso da Lindsay, que descrevi no começo do ano, foi particularmente assustador) ou dos meios de transporte que se parecem com carrinhos de montanha russa fora do parque de diversões. Me refiro à capacidade de sobreviver psicologicamente à experiência e de sair daqui melhor.

Este trabalho é tudo no mundo, menos fácil. Os relacionamentos que formamos com as comunidades, o grau de imersão em uma realidade tão distinta, o desejo de fazer tudo dar certo e a tristeza quando algumas coisinhas nos escapam, a necessidade de sermos orientados por nossos valores a cada minuto de todos os dias, tudo isso, torna a experiência intensa. Aqui colocamos nossos cérebros, corações e almas em nossos projetos – e às vezes não é suficiente.

Mas por que estamos aqui se é assim tão difícil? Por que eu, que vim para ficar quatro meses, vivo aqui há dois anos e tenho mais um (pelo menos) pela frente?

O que torna a 2Seeds única é a oportunidade que criamos para que cada pessoa seja o seu melhor. Ser medíocre por aqui simplesmente não faz sentido. Por que alguém ficaria tão longe de tantas pessoas que ama, das suas comidas favoritas, dos namorados (atuais e futuros), das piscinas azuis, das pistas de dança, de QUEIJO e dos biquínis coloridos para ser medíocre? São tantas as coisas que não temos aqui que eu poderia tornar este meu mais longo blog e ainda assim não estaria perto de enumerar a metade. Mas a coisa que temos, que nos trouxe aqui e não nos deixa voltar pra casa antes da hora, vale tanto que mesmo transbordando de saudades os olhos ainda brilham com a perspectiva de conquista-la: aqui podemos mudar o mundo.

A hora de voltar varia de pessoa para pessoa e quanto tempo é suficiente é uma equação que eu ainda estou batalhando para resolver. Treze PCs cumpriram seu tempo, sete perseguem a missão de consolidar seus projetos nos próximos dois meses. Um brinde aos que deixaram o chão carquejado e voltaram ao mundo das geladeiras (colocando assim, vocês é que deveriam brindar a nós). Todos nós sobrevivemos! (ufa)

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