sábado, 10 de abril de 2010

Tanzânia


Hoje vou falar um pouco sobre a Tanzânia. Quando digo que estou indo para lá quase todo mundo corre para olhar no mapa que lugar é esse - confesso que eu também tive que pesquisar bastante sobre o país quando decidi me candidatar ao 2Seeds.
A primeira distinção essencial é: Tanzânia, Tasmânia e Transilvânia são países diferentes que ficam, respectivamente, na África, na Austrália e na Europa. Os nomes se parecem mas para minha sorte, e de todos os outros membros da equipe, não precisarei fugir do demônio da Tasmânia nem usar colares de alho para me proteger de vampiros.

A Tanzânia fica no leste da África, tem fronteiras com Quênia, Uganda, Ruanda, Burundi, Congo, Zâmbia, Malaui e Moçambique, além do oceano Índigo (sentido anti-horário).
O idioma oficial é o Swahili (origem Bantu) paralelamente a dezenas de dialetos, inglês nos órgãos oficiais e árabe em Zanzibar (parte insular do país). Comprei um Swahili Phrasebook esta semana para tentar aprender ao menos expressões simples como "bom dia", "boa tarde" e "boa noite" já que considero um sinal de respeito cumprimentar as pessoas em seu idioma antes de pedir que elas se desdobrem para se comunicar comigo em uma língua que eu entenda. Aliás, esta é minha melhor dica de viagem - nos 4 meses que mochilei pela Europa, este hábito me permitiu contar com a boa vontade de franceses, húngaros, gregos e pessoas de outras várias nacionalidades que não falavam inglês, português, espanhol ou alemão. Mesmo quando o idioma era tão desconhecido que nem as letras eu conseguia entender (na Grécia, entender a palavra "Atenas" no letreiro do trem era um grande desafio), o cumprimento no idioma da casa era o primeiro passo para a mímica que se seguia.
Voltando à Tanzânia, na parte continental do país há uma distribuição equilibrada entre cristãos, muçulmanos e seguidores de religiões africanas - apenas Zanzibar é majoritariamente muçulmana. Eu torço para que isso me livre de usar véu enquanto estiver por lá - essa foi uma das minhas curiosidades quando pesquisei sobre a Tanzânia mas devo dizer que a maioria das fotos que vi não tinha mulheres.
De acordo com o Lonely Planet, meu guia de viagem e grande companheiro, mulheres viajantes são bem aceitas na Tanzânia. O país se parece com o Brasil nos comentários sobre a receptividade das pessoas, todos dizem que os tanzanianos são bastante abertos e sorridentes. Há cerca de 120 diferentes grupos étnicos no país, algumas tribos nômades, e aparentemente a convivência é harmoniosa e a riqueza cultural é motivo de orgulho. Justamente por isso há muitos refugiados na Tanzânia, vindos dos países da fronteira onde conflitos por etnia são bastante frequentes.
A colonização da Tanzânia, assim como de toda a África, ocorreu de forma totalmente irresponsável e a independência foi conquistada em 1963 (foi colônia alemã até a 2ª Guerra e da Inglaterra até a independência).
Politicamente, há denúncias de irregularidades a cada eleição apesar de se tratar de uma democracia - realmente seria difícil considerar uma democracia plena um país com enormes problemas sociais.
No quesito saúde, tudo é um problema. Ao pesquisar as vacinas que devo tomar, a lista é tão grande que mal sei por onde começar. O risco de infecção é considerado muito alto para hepatite A, febre tifóide, malária, praga, esquistossomose e até para raiva. De quando iniciei minhas pesquisas até agora, os dados sobre infecção por HIV já passaram por duas atualizações e giram em torno de 6,2% da população - para termos uma base de comparação, no Brasil giram em torno de 0,6%. É bom lembrar que, em toda a África, a imprecisão desses dados é bastante considerável por motivos estruturais e religiosos - normalmente os índices reais são bem piores que os índices oficiais.

O Kilimanjaro, pico mais alto da África e famoso nas discussões sobre aquecimento global por estar perdendo sua "neve eterna", fica na Tanzânia. Aparentemente é o pico mais alto do mundo em que há sinal para celulares GSM - não sei a relevância disso mas havia bastante entusiasmo nesta informação quando a encontrei. Há regiões para safaris fotográficos, praias desertas (muitos piratas no mar), uma região de lagos e o clima varia do tropical ao temperado (nas montanhas).
Sobre música e dança (assunto que muito me interessa) há muitos ritmos percussivos. Uma curiosidade é que Freddie Mercury era tanzaniano de Zanzibar.

Estou bastante otimista em relação à minha adaptação ao dia-a-dia tanzaniano. Quando li o blog da equipe que esteve em Korogwe ano passado, me diverti com as fotos dos americanos loirinhos de Harvard conhecendo pela primeira vez um país em desenvolvimento, com enormes dificuldades para chupar laranjas da maneira que nós fazemos isso e sofrendo para jogar uma pelada, descalços, com crianças de 10 anos de idade. Acho que ser brasileira pode me ajudar um pouco, tanto pela nossa diversidade quanto pelos cuidados que naturalmente tomamos viajando pelo Brasil. Sam e Jesse, os dois americanos que escreveram o blog do Korogwe Project, fizeram um excelente trabalho. Espero conseguir fazer o mesmo.
Quanto à agenda, já tenho visto e passagens para o treinamento em Boston no fim deste mês. Lá devo conhecer minha equipe, aprender um pouco sobre agricultura orgânica e receber diversas outras informações sobre minhas atribuições - com sorte alguma indicação sobre para onde vou e quando viajo.

Post-post. Durante esta semana pude sentir a repercussão que participar de um projeto como este traz para a sua vida. Vi meus amigos maravilhosos me encorajarem, vi muitas pessoas preocupadas com a minha segurança, tive que explicar a outras pessoas porque me candidatei ao projeto e porque estou tão feliz em ter sido selecionada. Algumas respostas me fizeram sentir que terei muita companhia na Tanzânia, de pessoas fantásticas que estarão ao meu lado em energia e pensamento. Obrigada a todos vocês!

2 comentários:

  1. Ana, estou adorando ler seu blog! Acho que pq estou conseguindo capturar essa energia legal que vc tem e o entusiasmo em viver uma vida nova. Isso é realmente um presente - e vc sabe, em breve me aventuro por esse mundão também!

    A Tanzania me parece um lugar muito legal. O marido da minha irma, suiço, sempre leva turistas para lá, de repente pode te dar uma visão bem legal do país, se quiser.

    Se interessar a você, há um grupo bem legal de pessoas que se conectam por meio de redes para debater sustentabilidade, dentre diversos temas, em todo o mundo. Me avise se quiser contatos!
    Bjs

    ResponderExcluir
  2. Como seguidora, devo agradecer tanta informação. Principalmente, sobre poder levar meus celulares, numa possível visita ao Kilimanjaro... HAHAHAHAHAHAHAHAHA
    É isso aí, amiga! Bora mudar este mundo.
    Boa sorte nesta jornada.
    Beijos

    ResponderExcluir