Diretora de Desenvolvimento de Projetos. Assumo aqui minha nova função dentro da 2Seeds.
A partir de agosto, receberemos 24 novos coordenadores de projeto, que eu e Sam coordenaremos. Serão nove projetos; estamos buscando trabalhar em toda a cadeia de valor para garantir efetividade nos resultados.
7 projetos em vilas
4 projetos greenfield: greenfield é o termo usado para projetos em aberto, em que os times chegarão à Tanzânia e definirão com a comunidade em que vão trabalhar. Foi o que eu e Kristina fizemos ano passado quando chegamos a Magoma e o que novos times farão.
3 projetos focados: Magoma, Lutindi e Kwakiliga, começados em 2010, serão consolidados e expandidos. Novas visões em campo para os desafios que persistem e para todos os novos desafios que surgirão, além da chance de crescer.
Os sete projetos em vilas foram divididos por suas características geográficas:
Montanhas: Lutindi (focado) e Bungu (greenfield)
Vale: Magoma (focado), Kijungumoto (greenfield) e Bombo Majimoto (greenfield)
Planícies: Kwakiliga (focado) e Tabora ya Korogwe (greenfield)
2 projetos especializados
Para trabalhar em toda a cadeia de valor, acreditamos que, além de ajudar a comunidade a se organizar e enxergar claramente suas oportunidades e desafios, precisamos oferecer treinamento e ajudá-los a se conectar com mercados. Muitas vezes as pessoas não têm uma visão clara de suas dificuldades; não é difícil conversar com agricultores que dirão que não podem trabalhar bem sem uma bomba de irrigação em vilas sem acesso a água (se eles tiverem a bomba, bombearão água de onde?). Seus anseios se baseiam nos sonhos de máquinas e agricultura de pouco trabalho, como supostamente existe nos países desenvolvidos. O treinamento os ajudará a cultivar melhor com as ferramentas disponíveis, a planejar agricultura como um negócio que lhes traga retorno e a verificar quais ferramentas podem aumentar sua produtividade e seu lucro.
O mercado na Tanzânia é interessantíssimo. Uma garrafa de água, por exemplo, terá exatamente o mesmo preço em qualquer loja de qualquer cidade ou vila. Não existe concorrência, não existe atribuição de valor.
Para produtos agrícolas isso muda um pouco e o preço varia com a qualidade do produto. O problema é que os agricultores vendem seus produtos para compradores intermediários que viajam das cidades para as vilas enchendo seus caminhões ou enviando produtos pelos ônibus urbanos (ônibus transportam absolutamente tudo na Tanzânia). Normalmente, o agricultor não sabe onde seus produtos serão vendidos ou por que preço. E os intermediários não perdem a chance de explorar esta ignorância (ainda que não passem de maus comerciantes que tampouco fazem muito dinheiro com o processo).
Para combater essas duas frentes, teremos os seguintes projetos:
Korogwe: vila central onde todos os times baseados em vilas se reúnem quinzenalmente e compram suprimentos. Também é nosso centro de transporte.
Em Korogwe iniciaremos um centro de treinamento com plantações demonstrativas (como uma fazenda-escola). Ali poderemos trabalhar em sala de aula e com o pé na terra, ajudando os agricultores a produzir maiores quantidades e com melhor qualidade. Além disso, os agricultores poderão se conectar e trocar informações, já que muitas vezes enfrentam dificuldades parecidas e podem se ajudar na busca de soluções.
Kariakoo: o maior mercado da Tanzânia. Kariakoo está localizado em Dar es Salaam e recebe produtos de todo o país além de ser o centro exportador para países próximos e ilhas como Madagascar. Acreditamos que se os agricultores tiverem acesso a informações sobre os preços pagos por seus produtos, terão a chance de tomar decisões para obter lucro e deixar a linha da pobreza.
Tanzânia, mais um ano! Novos desafios batendo à janela =)